Reuniões: Quanto Menos, Melhor!
Professor da FGV e sócio diretor CRM CONSULTORIA
O ambiente corporativo é, certamente, um daqueles onde mais a neurose humana floresce. São vaidades, exibições, competições, intrigas e puxa-saquismos por todo canto. Inúmeros são os esforços que os especialistas em gestão de pessoas (ex RH’s) fazem para amenizar isto, nas empresas. Em especial nas reuniões esta neurose é potencializada.
Aliás, muito se tem escrito sobre técnicas de conduzi-las. Existe até no mercado a figura do profissional de reunião. O especialista em condução de reuniões. O que pouco se fala é como evitá-las. Ocorre que o Homem cibernético de nossos dias, que até para falar com o vizinho da mesa ao lado utiliza-se da internet, está cada vez mais isolado no convívio com seus pares.
Talvez por essa razão veja nas reuniões uma forma de satisfazer seu instinto ancestral gregário. Isto, no entanto, não justifica nem tão pouco reduz os malefícios da proliferação da prática de reunir-se à toa, nas organizações.
Reuniões fazem com que profissionais percam o foco naquilo que deveriam estar fazendo. Gestores, com maior dificuldade de concentração têm ímpetos de convocar reuniões por qualquer motivo. Uma das conseqüências disso é que a imensa maioria delas tem finalidades pouco claras e seus resultados, de pouco ou de nada valem. São discussões infindáveis sobre o nada.
Em geral, quando se trata de um assunto de importância este é, rapidamente, aprovado e passa-se, imediatamente, para o próximo. O tempo gasto com um assunto é inversamente proporcional à sua importância.
Normalmente, discussões sobre o ordenamento do pátio do estacionamento ou o intervalo para o cafezinho ou mesmo a disposição das máquinas de café nos andares são assuntos sempre mais, calorosamente, discutidos do que o orçamento ou os valores envolvidos na compra de um equipamento que envolva a quantia de milhões de reais.
A rapidez com que assuntos relevantes são aprovados está associada ao desconhecimento deles, pela maioria. Ao passo que temas menos relevantes são do conhecimento de todos o que significa que, sobre eles, todos têm o que opinar, ponderar, afirmar e se opor. É exatamente na discussão deste assunto onde as facetas do homem corporativo, mais tomam forma.
Existe o puxa saco do chefe ou do mais graduado, o engraçado, o piadista, aquele que sempre balança a cabeça concordando com tudo, aquele que está invariavelmente pronto para atacar, o tipo profundo conhecedor das normas e por aí vai. O cálculo do custo homem/hora/mês dos profissionais em reunião é uma excelente idéia para saber-se o quanto de dinheiro é jogado fora por causa delas.
Claro que algumas reuniões são necessárias. No entanto, deve-se ser, ao máximo, parcimonioso com elas. Quando precisar cortar custos em sua empresa lembre-se: comece por cortar reuniões. Certamente, esta é uma das boas medidas implementadas por um bom gestor, sem efeitos colaterais!