Os Juros Outra Vez
Brasil garante aos rentistas taxas real perto de 8% ao ano sem risco e com liquidez imediata.
André Lara Resende
Valor – Opinião p.A14 26 de dezembro de 2022
https://valor.globo.com/opiniao/coluna/os-juros-outra-vez.ghtml
Várias são os ditos que fustigam os economistas. Um deles, em certa medida machista, mas oportuno para o momento é atribuído ao Ex Presidente da França (1969-1974) Gorges Pompidous:
“das diversas maneiras de se atingir o desastre, o jogo é a mais rápida,
as mulheres a mais agradável e consultar um economista, a mais segura”
Por conta da PEC da transição temos lido e escutado diversos depoimentos de economistas consagrados por sua trajetória e pela mídia. Por conta de sua abordagem não trivial, recomendo a leitura do artigo do igualmente conhecido economista André Lara Resende: “Os Juros, outra vez! – Brasil garante aos rentistas taxa real perto de 8% ao ano sem risco e com liquidez imediata.”
Um otimista como eu, que para muitos não passa de um pessimista desinformado, faço um resumo, em anexo, de seus principais tópicos bem como o link para a leitura do referido artigo que, RECOMENDO:
Alguns tópicos sobre o artigo publicado em 26/12/22 no Valor Econômico – Opinião pg A14
https://valor.globo.com/opiniao/coluna/os-juros-outra-vez.ghtml
– Os juros elevados outra vez ameaçam a retomada do desenvolvimento
– Desde o início de 2021, o BACEN elevou a taxa básica de juros, em 11 p.p., de 2,75% para os 13,75%, de hoje (dez/22)
– A dívida pública interna, em set/22, era de cerca de 75% do PIB deduzidas as reservas internacionais chegamos a Dívida Líquida de cerca de 50% do PIB, mas é a dívida bruta que passou a ser referência para analistas preocupados com a “sustentabilidade”
– Muitos países têm dívidas superiores ao PIB, algumas com até mesmo mais de duas vezes o PIB, sem que tenham se tornado insustentáveis
– Os juros pagos pelo Tesouro aos detentores da dívida passaram de 7,15% em 2020 para 8,9% em 2021 e está em 10,8% em 2022
– Fato é que a elevação da taxa básica pelo BACEN nos últimos dois anos, custou ao Tesouro em 2021: 1,75% do PIB e em 2022: 3,65% do PIB
– A “PEC da Transição” que autorizou gastos acima do teto num valor de até R$169bilhões, representa algo próximo de 2,2% do PIB
– São gastos assistenciais que tem apoio praticamente unânime no país
– O pagamento de juros sobre a dívida é um gasto público como qualquer outro, a diferença é ser computado como despesas não-primárias e não ser computado para o teto dos gastos
– Os gastos aprovados pela PEC, além das transferências do Bolsa Família, irão recompor recursos para a Saúde, a Educação, a Cultura, a Ciência e a Tecnologia
– Os juros pagos nos títulos do tesouro, vão para os seus detentores, para os afortunados que tiveram renda e foram capazes de poupar
– Gastos públicos provocam inflação quando a economia está próxima do pleno emprego, o que é conhecido como “inflação de demanda” que não é a causa da inflação no Brasil
– Ela é fruto da desorganização da produção durante a pandemia e da alta dos preços de energia devido ao conflito na Ucrânia
– Por esta razão a inflação cedeu com a redução dos impostos sobre os derivados de petróleo, não por causa da alta dos juros básicos: o BACEN começou a subir os juros há 2 anos e a inflação só deu sinais de arrefecimento com a desoneração fiscal de 2022
– O Brasil tem hoje a taxa básica de juros real mais alta do mundo, quase 7,5%. Além de mais alta taxa do mundo é o dobro da do 2º colocado, o Chile
– Nos EUA, na Europa, na Inglaterra e no Japão, todos têm taxas básicas reais negativas
– Somente o Brasil garante aos rentistas uma taxa real perto de 8% ao ano sem risco e com liquidez imediata o que além de uma excrecência, inviabiliza o investimento
– As despesas públicas, expandem a demanda agregada e pressionam a inflação. Ambas, passíveis de crítica
– Protestar contra os gastos autorizados pela PEC e defender a manutenção das absurdas taxas de juros, desafia a lógica
– São 2 pesos e 2 medidas. O gasto para atender necessidades básicas da população, é inflacionário. Mas o com o serviço da dívida, com o “bolsa rentista”, não