A Formação de Líderes nas Empresas e o Caso Ronaldinho Gaúcho
O caso Ronaldinho Gaúcho e o Flamengo é um excelente exemplo de como as organizações, tanto clubes quanto empresas, não devem proceder. Os clubes, ao invés de formarem seus craques nos times de base têm adotado, de algum tempo para cá, a contratação de craques, ou ex-craques na opinião de muitos, para buscarem recursos de curto prazo com mais bilheteria e patrocínios. O que ocorreu com o Ronaldinho Gaúcho é um dos muitos exemplos disto: Adriano, pelo próprio Flamengo e, novamente Adriano e Ronaldo-Fenômeno, pelo Corínthias ilustram bem esta prática. Os resultados são quase sempre os mesmos. O jogador nunca rende o que o clube e, em especial, a sua torcida esperam dele. Aí o filme se repete e, em curto espaço de tempo, o que assistimos é a transformação da imagem deles junto às torcidas dos clubes contratantes, de herói, salvador da pátria, para vilão.
Nas empresas isto também é muito comum. Quando os resultados não vão muito bem é freqüente a contratação de CEO’s vindos de fora. Eles parecem melhores pois trazem consigo a aragem das mudanças, das novidades oriundas de outra cultura empresarial.
Nada contra. Isto algumas vezes até dá resultado. No entanto, na maioria delas o “santo de casa” faz mais milagres. Recente pesquisa junto a 2500 empresas de capital aberto, das quais 162 no Brasil, feita pela Booz & Company e publicada no jornal Valor Econômico do último dia 24 de maio, apresenta alguns dados que indicam que os CEO’s formados nas bases de suas empresas, entregam melhores resultados para os acionistas e permanecem mais tempo no cargo do que aqueles contratados no mercado.
Isto nos leva a outro ponto, este sim fora de questão. A formação de craques, nos clubes, assim como de líderes nas organizações é tarefa de médio e longo prazo que requer foco e disciplina mas que, costuma trazer muito bons resultados. Nos clubes, o Santos tem sido um bom exemplo deste trabalho no Brasil. O próprio Flamengo na década de 80, quando foi muitas vezes campeão, tinha como base atletas oriundos de suas bases. Nas empresas isto vem desde a contratação de trainees e capacitação de profissionais para melhorarem seus desempenhos até a implementação de uma cultura organizacional que incentive novas idéias dos colaboradores. Formar líderes é tarefa que exige dedicação, mas custa muito menos do que parece e traz resultados extraordinários para a empresa da mesma forma que para os clubes.
A única desvantagem é que, tanto os clubes quanto as empresas, ficam sem terem a quem culpar por seus maus resultados. Não daria para ficar bravatando que o “Flamengo é maior que qualquer jogador” que “irá até onde for preciso para buscar seus direitos” e coisas no gênero. Para surpresa de todos parece que a lição de nada serve. Afinal, ao que se anuncia agora é que o Flamengo vai com tudo para contratar o Adriano. Quem sabe, seja ele o verdadeiro salvador do time carioca? Afinal ele já demonstrou isto no Corinthias por onde recentemente passou, não é mesmo!?