Crise de Confiança Fiscal

Almoçando com um amigo na semana passada, ao criticar a decisão do COPOM que elevou a taxa de juros de forma acentuada em sua última reunião, ele, pouco afeto à economia, me perguntou se eu era de esquerda!

Entre os economistas existe uma piadinha que diz que “estudar economia é uma boa maneira de não ser enganado pelos economistas”.

Em sua última reunião,
o COPOM deu mais uma demonstração de como nossos economistas prosseguem viciados em taxas de juros. Eles realmente acreditam que basta elevá-la para que todos os problemas do mundo sejam resolvidos, em especial a inflação.

Pior, “decisão tomada pelo colegiado do COPOM, por unanimidade” ou seja nem tomaram o cuidado de discordarem entre si, abrindo mão da máxima que diz que: “os economistas sempre discordam entre si para não correrem o risco de estarem tidos errados, ao mesmo tempo”.

Desta forma, num momento de sabida “dominância fiscal” (onde o descontrole fiscal, o déficit primário e a dívida bruta fazem com que a taxa de juros não impacte o controle da inflação) e absolutamente fiéis aos livros texto de política monetária (aliás em sua maioria já bem ultrapassados, considerando a recorrente ineficiência das taxas de juros no combate à inflação), sacam da cartucheira mais uma dose cavalar de aumento da taxa SELIC.

Acho que existe um medo da diretoria do BACEN de abdicarmos de uma das medalhas (ouro, bronze ou prata) que orgulhosamente expomos no peito no campeonato mundial da maior taxa de juros real!

Pior já aproveitaram para estipular o mesmo aumento de 1% nas próximas duas reuniões colocando a taxa básica de juros em 14,5% ao ano em março de 2025! Um espanto!

Tudo isto para conter uma taxa de inflação ao redor de 4,8% nos últimos 12 meses. Acima da meta, sem dúvida. Mas muito mais devido a insegurança fiscal e a fatores climáticos que tem influenciado a oferta de alimentos do que por excesso de demanda.

Ah… pode ser que este aumento da taxa SELIC seja para controlar a alta do dólar frente ao Real. O que igualmente tem-se mostrado ineficiente haja vista o resistência do preço do dólar, frente ao Real após, não somente, esta elevação da taxa de juros como também, após a maior intervenção do BC, feita ontem, no mercado de câmbio, desde 2020, em plena pandemia.

Para piorar a fala do presidente Lula em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no último Domingo, mais uma vez politizando a politica monetária do BACEN. Infelizmente parece que meu amigo estava certo ao indagar se eu era de esquerda por criticar a farra dos juros no Brasil. Afinal criticar a elevada taxa de juros no Brasil parece mesmo ser coisa da esquerda!

Sem, de modo algum, quer fazer coro com Lula e, obviamente, não ter nada a ver com ser de esquerda ou de direita, subir os juros é fácil! Baixa-lo trata-se de tarefa muito mais difícil em um país cujos gastos estão sempre apontados para cima!

Finalizo esta reflexão com outro ditado, bem conhecido de todos:
“a diferença entre o remédio e o veneno, é a dosagem”.

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