Acenderam o Fogo!
Estamos chegando ao final do primeiro semestre do ano pré-eleitoral. O fogo já foi aceso. Diversos ingredientes, políticos e econômicos, que comporão a panela para a feitura da refeição que nos será servida em 2022, começam a aparecer.
No campo político, a pesquisa do Instituto em Pesquisa e Consultoria – IPEC acaba de divulgar que 49% dos pesquisados acham o governo de Bolsonaro ruim ou péssimo enquanto somente 24% acham seu governo ótimo ou bom. No mano a mano Lula tem 49% das intenções de voto contra 23% de Bolsonaro. Os demais Ciro Gomes (7%), João Dória (5%) e Mandetta (3%) correm, lá atrás. A diferença entre os dois pré-candidatos ponteiros fica ainda maior por região, escolaridade e renda. No Nordeste, tradicional reduto lulista, o % é de 65% para Lula, que também lidera nas demais regiões. No grupo que concluiu até a quarta série, o ex-presidente chega a 52% contra 18% de Bolsonaro. Quanto ao nível de renda Lula lidera em todas as faixas, mas até um salário-mínimo a 62% contra 16% de Bolsonaro.
A CPI, apesar de todas as críticas que se pode fazer à ela, está cavucando os fatos e, ao menos até agora, está levando fortes
indícios de corrupção (caso da Covaxin) para perto da rampa do Planalto. Isto somado à saída de Ricardo Salles do ministério do MA, suspeito de envolvimento numa das maiores, senão a maior, extração irregular de madeira, coloca Bolsonaro numa posição delicada.
Enquanto isto Lula atua nos bastidores e surfa uma maré positiva por tudo isto. No entanto, tem uma rejeição muitíssimo grande por conta dos escândalos de corrupção associados a ele e a seu governo e o de Dilma. Com a classe mais rica e representantes das grandes empresas ele transitou e continua transitando muito bem. Com os menos favorecidos, idem. A questão é o “meião”, composto pela classe média-média e média-alta das grandes cidades. Uma nova versão da “carta aos brasileiros” pode até funcionar. Mas dificilmente sem uma declaração de mea-culpa, coisa não óbvia considerando o “racional” dele.
No lado da economia, tudo indica que com o avanço da vacinação, ela melhora. Já dá sinais disto. Apesar de uma inflação passeando ao redor dos 8% a.a. e de um desemprego elevadíssimo, a previsão do PIB feita pelo governo é de 4,6%, mas a média do mercado aponta para 5% chegando a 6%, em 21.
Este fato melhora a relação Dívida/PIB reduzindo-a de quase 90%, com tendência de chegar a 100%, para cerca de 82%. A redução deste % eleva a folga fiscal o que “permitirá” que o Governo Bolsonaro ocupe a pista toda para tentar abocanhar votos das classes menos favorecidas que, apesar de não entenderem de economia, entendem e muito de geladeira abastecida e comida na mesa.
Em conclusão, Lula, na fase dos aquecimentos, está em vantagem. A questão é como Bolsonaro reagirá para tentar recuperar a dianteira e se reeleger? Muita água ainda vai rolar. Mas desejamos que os estragos econômicos advindos desta disputa sejam, ao máximo, minimizados.