A astróloga, o mercado ou os colunistas?
No início de 2022 convidei para conversar com um grupo de empresários e executivos, do qual eu fazia parte, uma astróloga para fazer algumas previsões sobre aquele ano no qual teríamos eleições majoritárias e em que muitos torciam e davam como certa o surgimento da terceira via.
Apesar das reticencias, por tratar-se de uma astróloga, cujos argumentos foram questionados por “não serem baseados na ciência” seus apontamentos deixaram lacunas interpretativas tanto quanto a análise econômica do final do ano de 2023.
Exemplo disso são as distintas interpretações de dois renomados jornalistas econômicos da Rede Globo, Carlos Alberto Sardenberg e Miriam Leitão. Em seus respectivos artigos “As previsões mudam. Ainda bem” publicado naquele jornal em 30.12 e “O ano em que o mercado falhou” publicado em 31.12 de 2023.
Sardenberg escreve que, em janeiro de 2023, as previsões do mercado retratadas na pesquisa Focus, publicada semanalmente pelo Banco Central, com base nas previsões de cerca de 140 instituições financeiras, apontavam para uma inflação de 5,36% contra um resultado de 4,5% e uma taxa de crescimento do PIB de modestos 0,78% contra um resultado de cerca de 3%, no fechamento de 2023.
Previsões super equivocadas. Mais surpreendente ainda é a razão apontada pelo autor. Em resumo, ele diz que as previsões foram feitas baseadas em dados daquele mês (janeiro de 2023) e que, por óbvio, “não podem ser iguais aos dados do final do ano”. Cabe aqui a pergunta ao colunista: para que servem, então as previsões?
Já a colunista Miriam Leitão, bem mais condescendente com o atual governo, é enfática ao dizer “o que marca 2023 é o fracasso das projeções econômicas”. Mais ainda, escreve: “até economistas do mercado financeiro estão olhando com desconfiança para os próprios modelos”. Além das disparidades entre o previsto e do ocorrido com a inflação e com o PIB (cujo crescimento com taxas de juros tão elevadas, não é nada trivial) cita também outro momento do ano em que os analistas diziam que só haveria queda da inflação de serviços se houvesse forte aumento do desemprego. O que se viu foi o contrário: a inflação de serviços caiu com aumento do emprego, em especial do setor de serviços. Vai além ao elogiar o ministro Haddad que conseguiu aprovar no Congresso o arcabouço fiscal e a reforma tributária. Cita também que o país voltou ao mundo onde senta na mesa que conduz as negociações globais sobre o clima com dados positivos que mostram queda do desmatamento na Amazônia. Na pauta dos costumes, retomamos a vacinação, combatemos o armamentismo, o garimpos ilegal sem contar a defesa da democracia que fazia tempo, não era tão necessária.
Em resumo, as previsões feitas pelo mercado, costumam perder de longe daquelas feitas pelas astrólogas e os vieses prosseguem impregnados de ideologia pró Bolsonaro ou pró Lula.
Certo que você já tem o seu viés particular, desejo que adentre 2024, com o pé direito!
