Voto Útil? Segundo Turno?
Depois da última pesquisa Datafolha que aponta Marina empatada tecnicamente com Dilma e com 10 pontos de vantagem no segundo turno a discussão passou a girar, entre os eleitores de Aécio, sobre a importância do voto útil isto é, o voto no candidato no primeiro turno para que o PSDB tenha mais poder de negociação com Marina no segundo turno. O fundamento desta tese é que, agindo assim, se estará minimizando as eventuais surpresas negativas, temidas por muitos, por conta do desconhecimento que se tem sobre suas verdadeiras intenções, quadros e, sobretudo, vocação para negociação, atributo que sabe-se ser de fundamental importância para se governar um país da complexidade do nosso.
Temo que esta tese seja de uma ingenuidade equivalente à declaração feita, no início desta semana por Aécio, durante o debate da Band, apontando Armínio Fraga como seu Ministro da Fazenda. Estive no decorrer da mesma semana além de no Rio de Janeiro, onde resido, e em Araras-Petrópolis onde passo meus finais de semana, em São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. Tive a curiosidade de fazer aos taxistas, aos garçons e aos logistas que me atenderam e também aos empregados domésticos de minhas casas do Rio e de Araras além de também ao cavalariço que cuida do meu cavalo, a seguinte pergunta: Você conhece Armínio Fraga?
A resposta foi unânime: “não, não conheço”, “quem é?”, “é algum candidato novo?” Isto me leva a constatar o óbvio. Apesar de ser fã de Armínio Fraga e entender que ele faria bem ao nosso país se assumisse qualquer cargo de importância na economia, Aécio não ganhou um voto sequer ao fazer esta declaração. Para os eleitores do PSDB é o mínimo que se espera dele afinal, Armínio é um dos excelentes quadros daquele partido e, arriscaria dizer, supra partidário. Os eleitores mais simples, nem desconfiam de quem seja ele.
Não é hora para táticas manjadas de voto útil e outros que tais no gênero. Como diriam os lutadores de artes marciais e de lutas livre, “é hora de finalizar o adversário!” Não é uma boa tática deixá-lo ter tempo para reagir. Não estamos vivenciando uma eleição normal. Ela é atípica. É hora de pensar de forma não convencional. Tancredo Neves, tio de Aécio, dizia que: “ser Presidente não pode ser um desejo, tem de ser uma missão!”. É preciso que Aécio e o “seu” PSDB entendam que recuar neste momento é avançar. Não é preciso esperar um segundo turno. Uma negociação junto com Marina ainda no primeiro turno pode ser bom para o Brasil, bom para Marina e bom para Aécio que, ao assim agir, não estaria desperdiçando uma excelente oportunidade de mostrar-se um estrategista e, como consequência, pavimentando de forma consistente uma vitória nas próximas eleições.
Claro que é preciso que tal passo, se tomado, fosse feito de forma muito estruturada. Trata-se de uma eleição majoritária e proporcional. Um movimento deste tipo não pode, de forma alguma, refletir negativamente nos palanques estaduais tanto de governadores tanto de parlamentares. O PSDB não pode sair desta eleição com uma bancada menor do que entrou.
Trata-se portanto, de uma engenharia complexa que, se acertada, requeriria uma agilidade que nem de longe está no DNA dos partidos, em geral, e do PSDB, em particular.
A outra opção, mais provável, é a de Aécio assistir, agonizando, seu patrimônio eleitoral deteriorar-se a cada resultado de pesquisa.